sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A luz e a vidraça



Imagine um raio de sol refletindo numa vidraça; se o vidro estiver  manchado ou embaciado, não poderá fazê-lo brilhar nem o transformar em sua luz de modo total como faria se o vidro estivesse limpo e isento de todas aquelas manchas.  Antes tanto menos a esclarecerá quanto ela estiver menos desnuda daquelas manchas e embaciado, e tanto mais quanto mais limpa estiver.  O defeito não é  do raio, mas da vidraça, porque, se a vidraça estivesse perfeitamente límpida e pura, seria de tal modo iluminada e transformada pelo raio que pareceria o mesmo raio e daria a mesma luz.  Na verdade, o vidro, embora fique parecendo  raio de luz, conserva sua natureza distinta; contudo podemos dizer que, assim transformado, fica sendo raio ou luz por participação.  E assim a alma é como essa vidraça, sobre a qual sempre está investindo, ou, por melhor dizer, nela está morando esta luz divina do ser de Deus por natureza.

São João da Cruz

Nenhum comentário:

Postar um comentário