DEUS criou os Anjos num alto estado de perfeição natural e além
disso os elevou à ordem sobrenatural. É de fé que todos os espíritos angélicos
foram criados bons. Essa é uma conseqüência obrigatória da verdade de fé, de
que todos os espíritos angélicos foram criados por Deus, atestada pelo símbolo
niceno-constantinopolitano (o Credo da Missa), o qual proclama: “Creio em Deus
Pai Todo-poderoso, criador ... das coisas visíveis e invisíveis”; essa verdade
foi ainda definida nos Concílios de Latrão IV e Vaticano I.
A Sagrada Escritura, com efeito, chama-os “filhos de Deus"
(Jó 38, 7), “santos” (Dan 8, 13), “anjos de luz” (2 Cor 11, 14). Entretanto, os
próprios Livros Sagrados se referem a “espírito imundos” (Lc 8, 29); “espíritos
malignos” (Ef 6, 12); “espíritos piores" (Lc 11, 26); e outras expressões
análogas. Isto indica que certos anjos tornaram-se maus, tiveram sua vontade
pervertida. Em suma, pecaram.
A batalha no Céu:
“Tu, desde o princípio, quebraste o meu jugo, rompeste os meus
laços e disseste: — Não servirei!” (Jer 2, 20).
Este versículo do Profeta Jeremias sobre a revolta do povo eleito
contra Deus tem sido aplicado à revolta de Lúcifer. Mas ao brado de rebelião de
Lúcifer “Não servirei!” — respondeu São Miguel com o brado de fidelidade: “Quem
é como Deus!” (significado do nome Miguel em hebraico: מיגל ). No Apocalipse,
São João descreve essa misteriosa batalha que então se travou no céu:
"E houve no céu uma grande batalha: Miguel e os seus anjos
pelejavam contra o dragão, e o dragão com os seus anjos pelejavam contra ele;
porém estes não prevaleceram e o seu lugar não se achou no céu. E foi
precipitado aquele grande dragão, aquela antiga serpente, que se chama o
Demônio e Satanás, que seduz todo o mundo; e foi precipitado na terra e foram
precipitados com ele os seus anjos” (Apoc 12,7-9). O próprio Jesus dá
testemunho dessa queda: “Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago” (Lc 10,
18). “O Demônio foi homicida desde o principio, e não permaneceu na
verdade" (Jo 8,44).
Os anjos podiam pecar:
Como poderia o anjo ter pecado, uma vez que ele não está sujeito
às paixões ou ao erro no entendimento, como nós homens? "Como compreender
semelhante opção e rebelião a Deus em seres de tão viva inteligência?” —
pergunta João Paulo II. O Pontífice responde: “Os Padres da Igreja e os
teólogos não hesitam em falar de cegueira, produzida pela supervalorização da
perfeição do próprio ser, levada até o ponto de ocultar a supremacia de Deus, a
qual exigia, ao contrário, um ato de dócil e obediente submissão. Tudo isto
parece expresso de maneira concisa nas palavras: "Não servirei" (Jer
2, 20), que manifestam a radical e irreversível rejeição de tomar parte na
edificação do reino de Deus no mundo criado. Satanás, o espírito rebelde, quer
seu próprio reino, não o de Deus, e se levanta como o primeiro adversário do
Criador, como opositor da Providência, antagonista da sabedoria amorosa de
Deus”(Apud Mons.C. BALDUCCI, El díablo, p. 20.)
E o Papa explica que os anjos, por serem criaturas racionais, são
livres, isto é, têm a capacidade de escolher a favor ou contra aquilo que
conhecem ser o bem: “Também para os anjos a liberdade significa possibilidade
de escolha a favor ou contra o bem que eles conhecem, quer dizer, o próprio
Deus”. (João Paulo II, Mcm, ibidem). Criando os anjos racionais e livres, quis
Deus que eles - com o auxílio da graça — fossem os agentes de sua própria
felicidade ou de sua perda, caso cooperassem ou resistissem à graça. Para que
merecessem a felicidade eterna, submeteu-os a uma prova. É de fé que todos os
espíritos angélicos foram submetidos a uma prova. Entretanto, não sabemos qual
teria sido essa prova. Os teólogos procuram excogitar qual teria sido.
O pecado dos anjos maus. Qual teria sido a prova a que foram
submetidos os anjos? E qual teria sido o pecado dos que sucumbiram à prova?
Um pecado de soberba:
Acredita-se comumente que tenha sido um pecado de orgulho, de
soberba, pois a Escritura diz que “foi na soberba que teve início toda a
perdição” (Tob 4, 14).
Santo Atanásio (séc. IV) o afirma explicitamente: "O grande
remédio para a salvação da alma é a humildade. Com efeito, Satanás não caiu por
fornicação, adultério ou roubo, mas foi o seu orgulho que o precipitou ao fundo
do inferno. Porque ele falou assim: "Eu subirei e colocarei meu trono
diante de Deus e serei semelhante ao Altíssimo" (Is 14, 14). E é por essas
palavras que ele caiu e que o fogo eterno se tornou sua sorte e sua
herança”.(Apud Card. P. GASPARRI, Catechisme Catholique pour Adultes. p 345.)
Em que teria consistido essa soberba?
Segundo São Tomás de Aquino, essa soberba consistiu em que os
anjos maus desejaram diretamente a bem-aventurança final, não por uma concessão
de Deus, por obra da graça, e sim por sua virtude própria, como mera
decorrência de sua natureza. Desse modo, quiseram manifestar sua independência
em relação a Deus; eles recusaram assim a homenagem que deviam a Deus como seu
criador e desejaram substituir-se a Ele e ter o domínio sobre todas as coisas:
ser como deuses (cf. Gen 3,5).
São Tomás faz igualmente referência à seguinte passagem de Isaías
— referente ao rei de Babilônia, mas geralmente aplicada a Satanás — para
ilustrar o pecado dele e dos anjos maus que o acompanharam na revolta: “Como
caíste do céu, ó astro brilhante ['Lúcifer', do Latim lux fero], que ao nascer
do dia brilhavas? ... Que dizias no teu coração: ...serei semelhante ao
Altíssimo.”(Is 14, 13-14).
O pecado de Lúcifer e dos anjos que se revoltaram com ele teria
sido, pois, um pecado de soberba, ou seja de complacência na própria
excelência, com menosprezo da honra e respeito devidos a Deus. Estes elementos
se encontram em todo pecado — explica o Pe. Bujanda — pois quem ofende a Deus
prefere a própria vontade, em vez da vontade divina, e nela se compraz.
Revelação da Encarnação:
Não está formalmente revelado no que consistiu exatamente a prova
dos anjos; os teólogos fazem hipóteses teológicas, como a de São Tomás, exposta
acima. Francisco Suárez, teólogo jesuíta do século XVII, levanta outra
hipótese: a prova dos anjos teria consistido na revelação antecipada por Deus,
da Encarnação do Verbo. Os anjos maus se teriam revoltado contra a submissão em
que ficariam em relação à natureza humana do Verbo Encarnado, a qual, enquanto
natureza, seria à natureza angélica. Uma variante dessa hipótese é a que afirma
que Lúcifer e os anjos revoltados não quiseram submeter-se à Mãe do Verbo
Encarnado, pela sua dignidade ficaria colocada acima dos próprios anjos, embora
inferior a eles por natureza. Essa hipótese, entretanto, está ligada a uma outra
questão: se o Verbo se teria encarnado mesmo sem o pecado de Adão. Suárez, com
algumas adaptações, segue a opinião de Duns Escoto e de Santo Alberto Magno, a
qual sustenta que sim; São Francisco de Sales também participa dessa opinião.
São Tomás, porém, é de outro parecer. Argumenta ele: "Seguindo a Sagrada
Escritura, que por toda a parte apresenta como razão da Encarnação o pecado do
primeiro homem, é conveniente dizer-se que a obra da Encarnação está ordenada
por Deus como remédio contra o pecado. De tal modo que, se não existisse o
pecado não teria havido a Encarnação, embora a potência divina não esteja
limitada pelo pecado, podendo, pois, Deus encarnar-se, mesmo que não houvesse o
pecado” (Suma Teológica, 3, q. 1, a. 3.)
São Boaventura reconhece que a opinião tomista é mais consoante
com a Fé, enquanto a outra favorece mais a razão. (In III
Sent.,Dist.I,a.2,q.2). Embora ambas as opiniões sejam sustentáveis, o comum dos
Doutores acha que a hipótese tomista é mais provável, sendo predominante entre
os Santos Padres.
Santo Agostinho afirma: “Se o homem não tivesse caído não se teria
feito carne.”(Serm. 174,2) Em favor dela fala igualmente o Símbolo dos
Apóstolos, isto é, o Credo, quando proclama: “O Qual [o Verbo], por nós homens,
e por nossa salvação, desceu dos céus". Também a liturgia pascal, que
canta: “Ó culpa feliz, que nos mereceu um tal Redentor!"
O Pe. Christiano Pesch S.J. diz que a posição tomista de tal modo
se tornou comum, que hoje há poucos defensores da esposada por Suárez, quanto à
Encarnação do Verbo. Daí decorreria que a hipótese de Suárez com relação ao
pecado dos anjos ficaria também prejudicada. (C. PESCH 53, De Angelis, III, p.
71; cf. também Mons. P. PARENTE. Incarnazioni, col 1.751; I. SOLANO, De Verbo
incarnato, pp. 15-24).
A obstinação dos demônios:
Nós homens temos certa dificuldade psicológica em compreender que
os demônios, por um só pecado, tenham sido condenados eternamente, enquanto
Adão e Eva puderam ser perdoados. Por isso, desde os primeiros tempos do
Cristianismo, não faltaram autores que sustentaram a possibilidade de
reconciliação dos anjos decaídos com Deus. Essa doutrina foi condenada pela
Igreja e São Tomás explica a razão pela qual isso não é possível: em primeiro
lugar porque a prova a que os anjos foram submetidos, a fim de merecerem a
bem-aventurança eterna, teve para eles o mesmo efeito que tem para nós homens a
morte; ou seja, encerra o período em que podemos adquirir méritos, e nos
introduz na vida eterna, imutável por natureza. Os anjos bons, tendo sido
fiéis, passaram a gozar da bem-aventurança eterna; os anjos maus ou demônios
foram precipitados no inferno por toda a eternidade. Em segundo lugar, por
causa da natureza angélica: os anjos, uma vez feita uma escolha, não podem
voltar atrás, seja para o bem, seja para o mal. Porque eles não estão sujeitos
à mobilidade das paixões humanas, sua inteligência é perfeita, de modo que eles
não podem fazer escolhas provisórias, como o homem. Antes de fazer uma escolha,
o anjo é perfeitamente livre; feita esta, sua vontade adere a ela para sempre,
pois todas as razões que o levaram a fazer essa escolha já estavam perfeitamente
claras para ele antes que a fizesse.
O lugar de condenação dos demônios. O Inferno:
A tremenda realidade do inferno, como lugar criado para os
demônios e os malditos, é atestada pelo Divino Salvador ao falar do Juízo
Final: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que foi preparado
para o Demônio e para os seus anjos” (Mt 25,41). São Pedro ensina que Deus não
perdoou aos anjos que pecaram. Prepitou-os no tártaro, para serem atormentados
(2 Ped 2, 4). E São Judas escreve que Deus “prendeu em cadeias eternas, no seio
das trevas", os anjos prevaricadores (Jud 6). Assim como o lugar para os
anjos bons é o Céu, para os demônios é o inferno. Mas os demônios têm dois
lugares de tormento: um em razão de sua culpa, que é o inferno; outro, em função
das tentações a que submetem os homens: a atmosfera tenebrosa, pelo menos até
terminar o mundo.
Os demônios dos ares:
A doutrina de que os demônios vagueiam pelos ares para tentar os
homens é claramente afirmada por São Paulo na Epístola aos Efésios: “O príncipe
que exerce o poder sobre este ar ... os dominadores deste mundo
tenebroso, os espíritos malignos espalhados pelos ares” (Ef 2,2; 6,12). E é
confirmada pela Igreja, por exemplo, na oração a São Miguel Arcanjo, que o Papa
Leão XIII compôs e mandou recitar ao fim da Missa, na qual invoca o Príncipe da
milícia celeste, para que — pelo divino poder — precipite no inferno "a
Satanás e aos outros espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as
almas”.
A “hierarquia” entre os demônios:
Entre os demônios existe urna “hierarquia”, que decorre do fato
de, sendo anjos, uns terem a natureza mais perfeita do que outros. Por isso se
diz que Satanás é o príncipe, o chefe dos demônios. Não que exista entre eles
uma submissão por amor ou respeito, como na verdadeira hierarquia; os demônios
se odeiam mutuamente e só se unem circunstancialmente para atormentar os
homens. É o mesmo que — explica São Tomás — se dá entre os homens maus:
eles formam quadrilhas e se submetem a um chefe, apenas como meio de melhor
cometerem seus roubos ou homicídios contra os homens honestos (Suma Teológica,
1,Q. 109, A.1-2)
Os nomes dos demônios:
Os judeus não tinham uma palavra específica para indicar os
espíritos malignos; a designação geral de demônio para os anjos decaídos vem da
versão grega do Antigo Testamento. A palavra /daimon/ entre os gregos [Gr:
δαιμονίου], designava os seres com forças sobre-humanas, especialmente os
maléficos. A palavra hebráica /sâtân/ [Hb: שטן ] significa adversário,
acusador. Satanás, o chefe dos demônios, é também conhecido nas Escrituras como
Diabo (do gr: διαβολος , que quer dizer 'caluniador'). Nas Sagradas Escrituras
aparecem os nomes de vários demônios: Azazel, demônio que habita o deserto (Lev
16, 8-10, 26); Asmodeu, que matou os sete maridos de Sara (Tob 3, 8); o nome
Belzebu (ou Beelzebul, cuja significação parece ser “deus do esterco”, nome com
que os rabinos indicariam os sacrifícios oferecidos aos ídolos) é apresentado
como sinônimo para Satanás ou príncipe dos demônios (Mt 12,14; Mc 3, 22-26).
Lúcifer foi a palavra escolhida na Vulgata para traduzir para o latim a
expressão “astro brilhante" ou “estrela brilhante”, da profecia de Isaías
(Is 14, 12), que costuma ser interpretada como uma referência à queda do
Demônio; em geral esse apelativo é utilizado igualmente como sinônimo de
Satanás.
O termo 'Vulgata' foi a tradução latina da Bíblia feita em grande
parte por São Jerônimo, que iniciou seu trabalho por volta do ano 384. Essa
tradução latina foi aperfeiçoada por iniciativa da Santa Sé, dando origem a
chamada Vulgata Sixto-Clementina publicada em 1592 pelo Papa Clemente VIII, em
uso ainda hoje. Após o Concílio Vaticano II, por determinação do Papa Paulo VI,
foi realizada uma revisão da 'Vulgata', sobretudo para uso litúrgico. Esta
revisão, terminada em 1995, e promulgada pelo Papa João Paulo II em 25 de abril
de 1997, é denominada 'Nova Vulgata', em Latim 'Neo-Vulgata'.
A Psicologia do demônio:
"Ele foi homicida desde o princípio e não permaneceu na
verdade; é mentiroso e pai da mentira".(Jo 8,44)
Com base nas Sagradas Escrituras e em outras fontes, poderíamos
ressaltar alguns aspectos da psicologia de Satanás e seus anjos malignos.
Embora os demônios sejam diferentes entre si, assemelham-se em seu desejo de
fazer o mal e em sua natureza decaída; por isso o que é dito a respeito de
Satanás, seu chefe, pode-se dizer dos outros demônios.
Os demônios, puros espíritos, como anjos que são, não têm as
fraquezas e as debilidades dos homens; de onde, sua revolta contra Deus ser
permanente, imutável, eterna. Sua vontade, deixando de ter como objeto o Sumo
Bem, tornou-se uma vontade pervertida fixada no mal. Dessa forma, os demônios
não desejam senão o mal em todos os seus atos voluntários, e mesmo quando fazem
algum bem (como, por exemplo, restituir a saúde a alguém, obter-lhe riquezas ou
ensinar-lhe algo), fazem-no apenas para dai tirar o mal, conduzir a pessoa à
perdição eterna, que é a única coisa que almejam para os homens. Tendo sido
criados bons por Deus, sua natureza ainda continua boa em si mesma; porém, eles
se tornaram seres pervertidos em sua vontade, buscando não mais seu fim último,
que é o serviço e a glória de Deus, mas justamente o contrário, isto é, tudo
fazer para impedir que Deus seja glorificado. Não podendo atingi-Lo
diretamente, eles procuram agir sobre as criaturas de Deus, na medida em que
Ele o permite.
Homicida e mentiroso— Astuto, falso, enganador
O divino Redentor resumiu em poucas palavras essa psicologia
diabólica: “Ele foi homicida desde o princípio, e não permaneceu na verdade;
porque a verdade não está nele; quando ele diz a mentira,fala do que lhe é
próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8, 44). O demônio é
homicida e o pai da mentira, o mentiroso por excelência que odeia a verdade,
porque a verdade nos conduz a Deus: "Eu sou o caminho, a verdade, a vida”
(Jo 14, 5); ele odeia o Criador e, tendo-se separado de Deus, separou-se para
sempre da verdade e da vida. E através da mentira que ele dá a morte, a morte
espiritual. Santo Agostinho, a respeito da afirmação de Jesus de que o demônio
é homicida e mentiroso, comenta: “Perguntamos de onde veio ao diabo o ser
homicida desde o princípio, e respondemos que matou o primeiro homem, não
enterrando-lhe o punhal ou infligindo-lhe qualquer outro dano no corpo, senão
persuadindo-o a que pecasse precipitando-o da felicidade do paraíso”. (Apud J.
MALDONADO S.J., Comentarios a los Cuatro Evangelios, p. 563)
Pe. João Maldonado, erudito exegeta jesuíta do século XVI, observa
sobre essa mesma frase - “Porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,
44): “A maior parte dos autores entendem isto daquelas palavras que o diabo
disse a Eva: ‘Sereis como deuses, conhecendo o bem e o mal.’ (Gen 3, 5);
palavras em que evidentemente mentiu; quer dizer, uniu a mentira com o
homicídio (espiritual), perpetrando os dois crimes ao mesmo tempo. ... Chama-se
ao diabo pai da mentira porque é ele o autor e inventor da mesma, de tal modo
que pode dizer-se que deu à luz a ela” (J. MALDONADO S.J., op. cit., pp.
564-566). Quando tenta o homem, procurando afastá-lo de Deus, ele mente
apresentando uma falsa imagem da realidade, escondendo seus verdadeiros fins e
enredando sua vítima no engano, no sofisma e na falsidade.
Ele é astuto, falso, enganador:
“Satanás se distingue por sua astúcia — escreve Mons. Cristiani. O
que quer dizer esta palavra? A astúcia é um artifício enganador. O ser que age
por astúcia tem más intenções. Se ele fala, não é para dizer a verdade, mas
para enganar, para conduzir ao erro, à inverdade. Satanás é falso. Não se pode
confiar nele. O que falta antes de tudo nele é a eqüidade, a lealdade, a
franqueza. Ele é equívoco, voluntariamente obscuro e dissimulado” (Mgr L.
CRISTIANI, Présence de satan dons le monde moderne, p. 306.)
Soberba demencial, inveja mortal:
Por detrás dessa dissimulação se esconde o seu desejo oculto,
assim expresso por Mons. Cristiani: “Ser como Deus! Este ato de orgulho é o
fundo mesmo da psicologia de Satanás! ... ‘Vós sereis como deuses!’ Ele
próprio, na sua queda, se considera como um deus. Seu orgulho não está morto. O
orgulho levado até à adoração de si mesmo é o que faz o demônio voltar-se contra
o Criador. É o orgulho que, tendo-o afastado de Deus, fez dele o Adversário. No
livro do Eclesiástico esta conseqüência do orgulho é posta em evidência: ‘O
princípio do orgulho é abandonar o Senhor e ter seu coração afastado do
Criador, porque o princípio do orgulho é o pecado, aquele que se entrega a ele
espalha a abominação.‘ (Eclo 10, 12-13). ... Compreendemos, então, porque Jesus
Cristo, que é a Via, a Verdade, a Vida, tenha definido Satanás como o Pai da
mentira, o homicida desde o começo. E, para nós, este termo de homicida
longe de ser excessivo, não diz senão um aspecto da verdade total: Satanás é,
com efeito, acima de tudo, o DEICIDA!” (Mgr L. CRISTIANI, op. cit., p. 308.)
O orgulho de Satanás e seus anjos malignos não conhece limites:
"Que orgulho demencial — comenta ainda Mons. Cristiani — nessa palavra de
Satanás a Cristo, mostrando-lhe em espírito todos os reinos da terra: ‘Tudo
isto eu te darei se prostrado por terra me adorares!´O fundo último da ambição
satânica é este: Tirar de Deus seus adoradores, fazer convergir as adorações
dos homens para ele próprio!
"Resumamo-nos: o orgulho, a vontade de se fazer deus, a
astúcia, a inveja e o ódio do homem, tudo isto desembocando na mentira, no
homicídio, no deicídio: eis Satanás!”. (Mgr L.CRISTIANI, op. cit., p. 308.)
Não lhe importam as derrotas que sofre continuamente, nem mesmo a
final e definitiva a que está condenado; sua soberba se satisfaz com os
pequenos triunfos que obtém, no esforço de levar as almas à eterna perdição.
Comenta o Cardeal Lepicier: “Escudado na satisfação de certas
vitórias parciais e na esperança de grandes triunfos e, ao mesmo tempo, não se
preocupando com as vergonhosas derrotas sofridas, Satanás prossegue loucamente
na sua faina de tentar arrastar as almas para a eterna perdição. O seu pendão
está sempre erguido e o seu grito insensato de desafio e revolta ouve-se por
toda parte: ‘Eu não quero servir! ‘ (Jer 2, 20)”. (Card. A.LEPICIER. O Mundo
invisível p. 240.)
O pai da vulgaridade:
Outro aspecto da psicologia maldita do demônio é a vulgaridade.
Odiando a Deus, ele odeia tudo aquilo que é verdadeiro, belo, bom. Ele odeia a
compostura, a dignidade, a seriedade, a serenidade.
O abade João Cassiano já observava no século V: “É fora de dúvida
que existe entre os espíritos impuros o que o vulgo chama espíritos vagabundos,
que são antes de tudo sedutores e bufões. Eles se postam constantemente em
certos lugares e se divertem em enganar, muito mais do que em atormentar,
aqueles que eles encontram. Eles se contentam em fatigá-los por seus
escárnios e suas ilusões..." (Apud Mgr L. CRISTIANI, op. cit., p. 311.).
São os famosos demônios bufões, que fazem talhar a manteiga, secam o leite
das vacas, desencadeiam enxames de vespas ou de abelhas, etc., tudo para fazer
os homens perderem a paciência, praguejarem, blasfemarem. Mons. F. M.
Catherinet, demonólogo francês, analisando a ação dos demônios segundo as
narrações evangélicas, traça deles o seguinte perfil: "Medrosos,
obsequiosos, poderosos, malfazejos, versáteis e mesmo grotescos... (Mgr F. M.
CATHERINET, Les Démoniaques dans l´Évangile, P.319. )
Em carta a Mons. Cristiani, o Pe. Berger-Bergès, famoso exorcista,
escreve: "Vós me perguntais ... qual é a psicologia de Satanás,
quando ele está submetido à ação dos exorcismos... É preciso definir e resumir
a psicologia de Satanás por estas palavras: ORGULHO, DESPREZO DE SUA
VÍTIMA, TENACIDADE!"(Mgr L. CRISTIANI, op. cit., p. 312.)
O poder dos demônios."O próprio Satanás se disfarça em anjo
de luz”.(2 Cor 11,14):
TUDO QUANTO DISSEMOS a respeito do poder e do modo de agir dos
anjos sobre a matéria aplica-se igualmente aos demônios, que são anjos
decaídos, mas que conservaram a natureza angélica e os poderes a ela
inerentes.
Já vimos anteriormente como a presença dos anjos em um lugar não
se dá fisicamente (contato físico), pois são seres incorpóreos, e sim por meio
de sua atuação (contato operativo): os anjos estão onde atuam. Em virtude de
sua natureza espiritual, eles podem exercer sua atividade e tanto de fora dos
corpos, como no interior deles, conforme observa São Boaventura: “Os demônios,
em razão de sua sutileza e espiritualidade, podem penetrar em qualquer corpo e
aí permanecer sem o menor obstáculo e impedimento”. (In II Sent., Dist. 8, p.
2, a. um., q. 1, apud Mons. C. BALDUCCI, Gli Indemoniati, p.12.)
De um modo direto e imediato os demônios podem produzir na matéria
apenas movimentos locais, ou extrínsecos, transferindo uma coisa de um lugar
para outro, sem entretanto alterar a natureza ou substância dessa coisa; de
modo indireto, através desses movimentos locais, eles podem agir sobre a
própria substância da matéria, ao modificar a posição ou a quantidade dos
elementos constitutivos da mesma.
Caso Deus o permitisse, os demônios, por sua natureza angélica,
poderiam causar toda espécie de transtornos físicos. O Cardeal Lepicier afirma
que se pode dizer que praticamente não há fenômeno no mundo que não possa ser
realizado, de um modo ou outro, pelos anjos; logo, também pelos demônios.
(Cardeal A. LEPICIER, O Mundo invisível, pp. 74.75.) E não raro o fazem,
provocando tempestades, cataclismos, incêndios e outros desastres como também
aparições fantasmagóricas, ruídos infernais e perturbações de toda ordem.
Poder dos demônios sobre o homem:
Em relação ao homem, os demônios só podem operar de modo direto e
imediato sobre aquilo que nele é matéria, ou está e necessária dependência
dela; podem agir nas funções da vida vegetativa, enquanto ligadas à matéria, e
sobre a vida sensitiva, porque esta depende de órgãos corporais. No que se
refere às funções próprias da vida intelectiva, os demônios só podem chegar a
elas indireta e mediatamente, quer dizer, atuando sobre a parte corpórea e
sobre a vida sensitiva, das quais a alma deve servir-se para desenvolver suas
atividades espirituais. Em outros termos, os demônios podem agir diretamente
sobre a parte corpórea do homem, mas apenas indiretamente sobre sua
inteligência e sua vontade. Conforme ensina São Tomás,(Suma Teológico. 1-2, q.
80, a. 1-3.) o entendimento, por inclinação própria só se move quando algo o
ilumina em ordem ao conhecimento da verdade. Ora, os demônios não querem
conduzir o entendimento à verdade, mas, pelo contrário, entenebrecê-lo como
meio de levar o homem ao pecado. Por isso, eles não conseguem mover diretamente
a inteligência do homem, e procuram então influir sobre ela indiretamente,
através de sua ação sobre a imaginação e a sensibilidade. Os demônios não podem
tampouco mover diretamente a vontade humana, pois isto só o próprio homem ou
Deus podem fazer; mesmo que o Maligno, por permissão divina, se
assenhoreie do corpo do homem e entenebreça sua mente — como se dá na possessão
— , ele não pode obrigá-lo a pecar, pois a vontade não participaria dos atos
maus assim realizados, os quais seriam em conseqüência pecados apenas
materiais. Para mover a vontade do homem, os demônios precisam, de algum modo,
convencê-lo, persuadi-lo a praticar uma ação má, ainda que sob a aparência de
um bem.
A ação persuasiva do demônio: "O demônio não força; ele
propõe, sugere, persuade, alicia”:
O demônio não tem o poder de obrigar os homens a fazer ou deixarem
de fazer algo; por isso procura persuadi-los para que se deixem conduzir pelo
seu mal. "Ele não os força: ele propõe, sugere, persuade, alicia” escreve
o Pe. J. de Tonquédec S.J., exorcista e demonólogo francês. E acrescenta: “No
Éden, ele deu a Eva razões para ela transgredir a ordem divina (Gen 3, 4-5,
13); no deserto, solicitou Nosso Senhor pela atração de uma dominação universal
(Mt 4, 26-27)”. (J. de TONQUÉDEC S.J., Quelques aspects de l´ation de Satan en
ce monde, p. 495.)
São Tomás também se refere a essa obra de persuasão do demônio,
explicando que a vontade humana só se move internamente por ação do próprio
homem ou de Deus; externamente ela pode ser solicitada pelo objeto que,
entretanto, não força o homem a escolher o que não quer. (Suma Teológica, 1-2,
q. 80, a. 1.)
O Pe. Cândido Lumbreras O.P., assim comenta essa passagem do
Doutor Angélico: “Que influência pode exercer o demônio nos pecados dos homens?
... O demônio pode oferecer aos sentidos seu objeto, falar à razão, seja
interiormente, seja exteriormente; alterar os humores e produzir imagens
perigosas, excitar enfim as paixões que podem mover a vontade e assenhorear-se
do entendimento.” (C. LUMBRERAS O.P., Tratado de los vicios y los pecados —
Introducción. p. 766.)
Em comentário a outra passagem de São Tomás, explica Pe. Jesus
Valbuena O.P.: “Que os anjos possam iluminar e de fato iluminem o entendimento
humano, é uma verdade que se atesta por uma multidão lugares nas Sagradas
Escrituras ... Também os anjos maus são capazes de produzir, com sua virtude
natural, falsas iluminações no entendimento dos homens, conforme nos admoesta
São Paulo para que estejamos alertas pois 'o próprio Satanás se disfarça em
luz’ (2 Cor 11, 14).
“Afirma São Tomás que nos sentidos do homem, sejam internos, sejam
externos, os anjos podem influir e agir a partir de fora e a partir de dentro
dos mesmos, quer dizer, extrínseca e intrisecamente; mas, em relação ao
entendimento e à vontade humanas, só os podem mover e influir indireta e
exteriormente, quer dizer propondo a estas potências espirituais de uma maneira
acomodada a elas seus objetos, que são a verdade e o bem e influindo nelas
indiretamente mediante os sentidos, as paixões, as alterações corporais
sensíveis, etc., embora não possam nunca chegar a dobrar ou completamente a
vontade do homem, se este se acha em estado normal” (J. VALBUENA O.P., Tratado
del Gobierno del Mundo— Introduccion, p. 898.)
Nos casos de Eva e de Nosso Senhor, o demônio “apresentou suas
razões” tomando uma forma corpórea, produzindo sons e articulando as palavras
oralmente; no geral dos casos, entretanto, o demônio, para persuadir o homem a
pecar, conjuga sua ação sensibilidade, a memória e a imaginação.
O demônio tem uma doutrina mentirosa, que opõe à doutrina de
Cristo:
Em sua introdução ao Tratado sobre os anjos, de São Tomás de
Aquino, comenta o Pe. Aureliano Martínez O.P.: “O demônio tem suas doutrinas
perversas, às quais o Apóstolo chama espírito do erro e ensinamentos do demônio
(1 Tim 4, 1), com as quais como deus deste mundo, cega a inteligência dos
homens para que não brilhe nelas a luz do Evangelho (2 Cor 4, 4); doutrinas que
propala mediante falsos apóstolos e operários enganadores que se disfarçam em
apóstolos de Cristo; e não é de espantar, pois o próprio Satanás se disfarça em
anjo de luz (2 Cor 11, 13-14), tentando os fiéis de incontinência (1 Cor 7, 5)
e de ira (Ef 4, 27)”. (A MARTÍNEZ O.P., Tratado de Los Angeles — Introducción,
p. 511.)
Foi por essa razão que o Divino Salvador definiu o demônio como
aquele "que não permaneceu na verdade; porque a verdade não está nele;
quando ele diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai
da mentira” (Jo 8, 44). Por meio dessa ação de persuasão o demônio
procura na tentação, não apenas induzir-nos a cometer este ou aquele pecado,
mas afastar-nos completamente de Deus.
Limites à ação do demônio:
Por mais poderoso que seja, com uma capacidade de ação superior à
de qualquer outro ser criado, o demônio, entretanto, não é onipotente. Sendo
mera criatura, ele tem suas limitações, decorrentes de três fatores: sua
própria natureza, a condição particular de cada demônio e a vontade permissiva
de Deus.
Como toda criatura, o demônio está limitado em sua atuação pela
sua própria natureza: por mais elevado que seja seu poder, este não pode
ultrapassar os limites de sua natureza criada. Ele é um ser finito,
contingente. Não se deve pois de forma alguma julgar que ele é capaz de saber
tudo (onisciência), de poder tudo (onipotência) e estar em todo lugar
(onipresença): esses atributos são exclusivos de Deus. Sua inteligência, embora
se tenha mantido intacta, está privada de todo auxílio sobrenatural. Os demônios
perderam, com o pecado, toda forma de conhecimento sobrenatural; enquanto os
anjos bons vêem em Deus o estado de uma alma (se ela está na graça divina ou em
pecado), os demônios só podem fazer conjecturas a respeito. O mesmo se deve
dizer quanto a certos acontecimentos futuros que Deus revela aos anjos.
Por sua natureza, nem os anjos bons nem os demônios podem conhecer
o futuro livre ou o futuro contingente isto é, aquele que depende da vontade
divina e do livre arbítrio humano mas apenas Deus, que o pode revelar aos seus
anjos. Outro limite natural à ação do demônio é, como vimos, sua
impossibilidade de agir diretamente sobre a inteligência e a vontade humanas;
ele tem de usar meios indiretos: a sensibilidade, a imaginação, as paixões, e
sobretudo a persuasão.
Outro limite à atuação demoníaca vem da diversa condição de cada
demônio. Assim como existem desigualdades entre o homens, também entre os anjos
e os demônios não há dois iguais. Por isso, nem todos os demônios têm o
mesmo poder. Outro fator de limitação é a posição relativa de cada demônio na
escala dos anjos decaídos, e as eventuais ordens e proibições que existam entre
eles.
O demônio só pode agir em detrimento do homem com a permissão de
Deus:
Ensina o Cardeal Lepicier: “É preciso que nos lembremos sempre de
que, por muito grande que seja o poder do demônio, tem limites que lhe foram
sabiamente determinados pelo Todo-Poderoso. Ele pode, sem dúvida, fazer-nos
mal, mas não além daquilo que lhe é permitido, e bem conhece que o seu poder
não pode durar muito. Pode ser que o conhecimento da curta duração do seu reino
contribua para que redobre a sua atividade nos tempos que vão correndo; mas
todos os seus esforços obedecem aos impenetráveis desígnios da Providência que
só permite que a sua influência seja exercida até certo grau, de forma que nos
possamos colocar debaixo da proteção de Deus e ganhar, pelos nossos méritos, a
vitória final e a coroa da imortal glória que nos espera no Céu."( Cardeal
A. LÉPICIER, O.S.M., O Mundo invisível, p.242.)
No livro de Jó, no qual é nomeado pela primeira vez nas
Escrituras, Satanás aparece como agente do mal, porém absolutamente subordinado
a Deus. Embora tenha inveja do justo Jó e queira pôr sua virtude à prova, por
meio da infelicidade, Satanás não pode agir senão com a autorização divina.
Ele tem necessidade de uma permissão, ou até mesmo de uma delegação do
Senhor. Sua ação é estritamente limitada à vontade de Deus, que permite,
primeiro atacar seu servidor exclusivamente em seus bens e não em sua pessoa;
depois em sua pessoa, mantendo entretanto sua vida (Jó 1, 6-12; 2, 1-7). São
Paulo nos tranqüiliza: "Deus é fiel, o qual não permitirá que sejais
tentados além do que podem as vossas forças; antes, com a tentação, vos dará as
forças necessárias para sair dela e para suportá-la"(1 Cor 10,13). Por quê
Deus permite que o demônio tente o homem, como também o prejudique, muitas
vezes, de tantos modos? Como fica patente em tantas passagens da
Escritura e ensinamentos do Magistério eclesiástico, essa permissão divina tem
como escopo santificar o homem por meio de provações, puní-lo por alguma falta
grave, servir de ocasião para que se manifeste o poder divino de um modo
visível, como no caso dos exorcismos de possessos.
Poder dos anjos bons sobre os demônios:
Ensina São Tomás que os anjos bons, mesmo que por natureza
pertençam a uma hierarquia inferior à de algum demônio (por exemplo em ralação
a Satanás), sempre têm um domínio sobre os anjos decaídos, pois os anjos gozam
de perfeição da amizade de Deus, da qual estão privados os demônios; e esta
perfeição é superior à mera excelência natural, a única que permanece nos
demônios (Suma Teológica, 1,q. 109,a.4. ) Por isso observa o Cardeal Lepicier:
"A sabedoria de Deus torna-se ainda mais manifesta quando consideramos que
ele colocou os espíritos malignos debaixo do domínio dos anjos bons e deu a
cada homem, neste mundo, um anjo bom que o ilumina, guia os seus passos e o
defende contra os seus inimigos. Por isso, os assaltos do inimigo das
almas são aniquilados pela intervenção daqueles espíritos que se conservam
fiéis a Deus, e o demônio acaba por contribuir para a maior glória do
Criador". (Cardeal A. LÉPICIER, op. cit., p. 241. )
A AÇÃO ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA DO DEMÔNIO
DEUS GOVERNA O MUNDO, respeitando sua ordem e suas leis; isto é, a
normalidade, a simplicidade, o usual das coisas; tudo aquilo que sai desta
linha e que parece maravilhoso, prodigioso, milagroso é excepcional, muito
raro. Deus nos criou livres e espera de nós um livre consentimento à fé, sem
que nisto sejamos influenciados por uma manifestação habitual do preternatural
e do sobrenatural. Entretanto, para provar-nos, para que mereçamos a
bem-aventurança eterna, como também, muitas vezes, para castigo nosso, permite
Deus que o demônio nos atormente. A inclinação para o mal nos provém de três
causas: de nossa natureza, ferida pelo pecado original; do mundo e do demônio.
Entretanto Satanás desperta em nós, continuamente, a tríplice concupiscência
com insistentes tentações de soberba e orgulho, de luxúria, de avidez em todos
os níveis. Essa é a ação ordinária, comum, corrente do demônio — ou seja, a
tentação. Além dela, pode o Maligno exercer uma ação extraordinária.
A ação ou atividade demoníaca extraordinária pode ser assim
qualificada por duas razões: em primeiro lugar, pelo seu caráter surpreendente,
sensacional, espetacular; em segundo, pela sua relativa raridade (se comparada
com a ação ordinária). Estamos nos referindo à 'infestação diabólica' e à 'possessão
diabólica'.
“Sede sóbrios e vigiai, porque o demônio, vosso adversário, anda
como um leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé.”(I
Pedro 5,8)
Fonte: "Anjos e Demônios - A Luta Contra o Poder das
Trevas", por Gustavo Antônio Solímeo & Luiz Sérgio Solímeo. Editora
Artpress.[DR]
Saudações Juuuuuuu!
ResponderExcluirNossa, que post caprichado!
Adorei.
Continue postando com esta qualidade informativa. Parabéns pelo empenho didático e técnico em se transmitir artigos da nossa santa fé.
Deus abençoe a tua vida e jornada, conceda paz, Amor e esperança para enfrentar os desafios!
In corde Jesu et Mariae semper!